Certo dia estávamos eu, minha esposa e minha filha mais velha Vitória em comunhão em uma casa com amigos. Eu e minha esposa estávamos dentro da casa enquanto minha filha brincava com outras crianças no pátio da casa, onde estava nosso carro.
De repente minha esposa me chama em particular e me diz:
"Telmo, aconteceu algo ruim, a Vitoria estava brincando da jogar pedrinhas nos amigos e uma das pedras atingiu e quebrou o vidro do carro e ela está desesperada lá fora". Nossa filha tinha cerca de 4 anos de idade e ela sabia o quando eu cuidava e gostava do nosso carro. Enquanto caminhava para o pátio fui pensando em o que dizer, o que fazer. A cena era hilária e triste ao mesmo tempo, minha filha ao lado do vidro em pedaços com a boca aberta e um choro de desespero preso na garganta, os amiguinhos dela esperando ansiosos a minha reação, como eu a castigaria. Cheguei até ela, ela se afastou um pouco de mim receando uma correção mais severa, chamei ela para perto, me abaixei, a peguei no colo, me aproximei do "ex-vidro", bati com as costas da mão no que sobrou e disse: " isso aqui o pai compra outro, mas tu é única, não precisa chorar, o pai te ama".
O choro preso foi embora, um sorriso substituiu o rosto desesperado, passei algumas instruções para não brincarem com pedras ao redor do carro e a liberei. Naquele dia eu estabeleci a diferença entre preço e valor dentro do coração da minha filha. Mostrei para ela que coisas que tem preço nem sempre tem valor, mas coisas que tem valor não tem preço, e ela é minha filha, não existe dinheiro ou coisa que se compare com seu valor.
Quantos vidros quebramos na vida?! quantas pedras na direção errada ?!quantas vergonhas na frente de nossos "amigos"?!
Naquele dia aprendi com a minha reação de pai, como nosso Deus Pai reage as nossas pedradas sem rumo, as nossas atitudes infantis e imaturas, quando tropeçamos. Esperamos um severo castigo (ainda que merecíamos) Ele nos pega no colo, aponta para as coisas que quebramos e nos diz: " você vale mais que isso".
Por Telmo Martinello